Relatos de Guerra: Operação Resgate!

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Relatos de um resgate: percepções das experiências vividas por uma refém.
NOTA: Este Relato foi um Treinamento realizado em local controlado.

AIRSOFT MILSIN e CFST 2021.

No dia 15 e 16 de maio de 2021, pude ter a honra de ter uma participação no Curso de Formação de Sargento Temporário, realizado no Cils, Campo de Instrução Leão da Serra, do 19º Batalhão do Exército, localizado em São Leopoldo.

SOBRE A MISSÃO
Dentre as instruções desse curso havia uma missão de resgate na qual participei como refém de uma força revolucionária conhecida como  FARVS.

Minha participação era como filha do Deputado Federal Felipe Mayer, líder do Governo no Rio Grande do Sul. Então houve a  solicitação Oficial do Governador para que o Exército Brasileiro assumisse as investigações e a operação de resgate da filha do Deputado. O Comandante Militar do Sul autorizou a operação CFST 2021. 

Os líderes das Forças Armadas Revolucionárias do Vale dos Sinos, me manteriam sob seu poder a fim de que meu pai desistisse do combate do tráfico de drogas naquela região.

RELATOS DA GURIA SENDO REFÉM
Cheguei no campo, estimadamente por volta das 16h do dia 15 de maio, me direcionando ao local do meu cativeiro, onde ali permaneceria por 16h.
A sensação ao entrar foi imediatamente intensa, não era nada do que eu havia vivido ou visto antes. Em menos de meia hora da minha chegada, já fui designada a sentar na  cama que estava  dentro do cativeiro e seguir instruções do 2º Sargento, no qual estava no comando do grupo de alunos.

– Vamos fazer um teste, Deyse – Disse o sargento.

Ouvi as granadas rolando (apenas simulação), instruções sendo dadas. Entraram no meu cativeiro e em questão de segundos,  já estava do lado de fora  nos ombros de um dos alunos. Foi muito rápido. Naquele momento senti, ou pelo menos achava que havia sentido a intensidade do que estava por vir.
O  inicio da missão estava prevista para 21:15. Às 20h o Coronel Marques Ferreira, começou a me dar as instruções necessárias sobre o que iria acontecer:
– Serão usadas granadas de efeito moral, então tape os ouvidos, caso se, se sentir tonta, não se preocupe será carregada. Experimente a ração, beba água, vai ter som real de metralhadora e mantenha calma.

A guria estava ali, sentada na cama, com frio e à espera do seu resgate. Eu ouvia cada palavra, cada passo e cada estratégia que seria usada pela FARVS, para me fazer permanecer em domínio deles. O perímetro estava marcado, todos posicionados e ansiosos. Todos à espera da  quebra do sigilo (da missão), inclusive eu. Pontualmente  às 22:45 ouvi um estrondo, eram tiros e explosões vindos de locais incertos.

– Começou – Pensei.
Coração acelerado, tiros, explosões e muita gritaria. Meu único pensamento era:
– Preciso ser útil e ágil para não atrasar a missão. Mal sabia eu, que me levariam a qualquer custo, sendo ágil ou não.
Eu estava sobre os cuidados e vigilância do líder das FARVS, conhecido como Fox, para que os militares do exército não pudessem entrar. Naquele momento eram disparos e mais disparos, explosões e gritaria.

Dentro do CATIVEIRO
Uma explosão inicial, forte e luminosa bem ao meu lado direito deu início ao meu resgate.  Em seguida entrou um escudeiro, mas sozinho, então recuou e ouvimos outra explosão ao meu lado direito. O líder da FARVS, sob o efeito da explosão não soube muito o que fazer, mas ao perceber que o escudeiro entrou sozinho, matou ele e na hora pensei :
– Preciso ser salva. 
Vontade mesmo deu de dar uns tiros no Fox, se eu estivesse armada naquele momento, certamente o faria. Rapidamente os militares reforçaram o ataque do exército e eliminaram o líder Fox. Entraram no quarto e alguns foram atingidos, mas paravam a estratégia e iam sendo salvos pelo médico do squad.

Na minha visão fizeram muita coisa e muito rápido sob total pressão, havia muita, muita tensão nessa hora, até que o  2 º Sargento disse:
– Vamos pegar a refém pra sair.
A única coisa que perguntei:
– O que eu faço?

A instrução foi :
– Segura no meu cinto, abaixa e corre junto comigo.
E a tensão, rolando solta!!!
Na primeira tentativa não conseguimos sair, recuamos e depois avançamos novamente. Tudo muito rápido, tiro pegando e a gritaria afetando no psicológico. Saímos em fila, os escudeiros na frente e fomos mato a dentro.

FORA DO CATIVEIRO
Aqui começa outra etapa da meu relato.

Já não sabia mais onde estava pisando, a escuridão era total, a baixa temperatura era o que menos eu percebia nessa noite de frio. A mata, na parte em que entramos era muito fechada, cipós e buracos por todo lado.
Só se ouvia:
– segue em frente! Refém está bem? Segue em frente.
Nunca havia corrido por caminhos escuros e desconhecidos tão rapidamente, caído e levantado de buracos, sem ver nada na minha frente a não ser as costas do 2 º Sargento.
Após um pequeno caminho percorrido no inicio da mata, me colocaram com outro aluno para continuar a me guiar. Quando entramos em outra trilha, me passaram para outro aluno novamente. A partir daí a mata se abriu um pouco mais aos meus olhos. Olhava pra cima e enxergava apenas os galhos e o céu escuro. Caminhamos em total silêncio entre nós, mas eu estava muito ofegante! Comecei a reconhecer a mata e foram me orientando o que faríamos no percurso caso fossemos atingidos.

 Seguindo  junto com esse ultimo aluno, mas precisamente o nome eu ano sabia, mas tinha a numeração 12, comecei a me sentir mais segura. Eu precisava me assegurar de ficar bem e não atrapalhar. Me ajustei segurando o cinto do militar que me conduzia e coloquei minha mão por baixo do colete para não atrapalhar caso precisasse atirar e tentei seguir o mesmo passo em silencio. A famosa caminhada tática. Até que chegou um momento em que ouvíamos apenas os tiros distantes e ali estavamos nós no meio da escuridão, seguindo em frente.

Em poucos minutos , olhei pra frente e vi o clarão dos inimigos. Ouvi as instruções e pude ver cada aluno tomando sua posição para enfrentar a situação. O aluno 12, que estava comigo me colocou de forma segura próxima a ele, segurou na minha mão  e disse:
– Fica comigo e vamos passar pela ponte.
Passamos sob rajadas de tiros e chegamos ao banheiro situado após a saída da mata.
Momentos cruéis ali. Espaço pequeno, inimigos por todos os lados. Fui instruída a entrar na viatura 02, mas não tinha ideia de como iria sair dali. Avistei as viaturas, mas o momento era tenso, tenso demais. Foi gritaria total: aonde está a refém? Cadê?
O aluno 12, que estava comigo, garantiu minha segurança me colocando dentro do banheiro, me deu água e voltamos para a posição de saída. Novamente me instruiu:
– Não larga minha mão e vamos!
Atravessamos a rua entre banheiro e viatura, eu só via muitas luzes, ouvia tiros e não conseguia subir no veículo, até que me colocaram nele como deviam; aquele empurrãozinho “amigável” para não atrasar a missão.

O aluno subiu e me instruiu a ficar abaixada perto dele, então deitei no seu colo enquanto ele atirava para fora da viatura e os demais subiam com os escudos para fazer nossa proteção. A viatura, nada confortável, fez aquele trajeto cruel até a base. O aluno me desceu da viatura e comemoraram o êxito na missão concluída.

 Eu estava ali, resgatada, protegida, em vida e apaixonada.
Uma experiência única na minha vida.
Nunca imaginei viver aquele filme de guerra e ser resgatada. Foi incrivelmente lindo.

SOBRE O “ESTAR APAIXONADA”
Todas mocinhas se apaixonam pelos seus heróis  e esta história não poderia ser diferente né? Já que eu estava ali atuando, já estava na personagem por um mês, contracenei bem. Não via nada além dos olhos e não senti nada além da proteção e cuidado do aluno 12. Eles nunca haviam se visto, mas a partir daí as coisas mudaram.

 A filha do Deputado agradece aos alunos que a protegeram no resgaste e ao Exército por tirá-la das garras das FARVS.

O Sargento responsável pela minha retirada do cativeiro (O nome correto é EXFILTRAÇÃO) em todas as suas fases; A exfiltração e a entrada na mata acompanhada pelo sargento, me fez entender que, posso sim,  caminhar, correr, cair , levantar e continuar viva pronta pra outra.

O Aluno 12, designado a cuidar da refém, me fez entender que confiar é tudo que a gente precisa para seguir em frente. Sua postura me fez sentir que era possível seguir sem medo de ser atingida pelo inimigo. Por ele, o coração da filha do deputado se apaixonou.

COMO OPERADORA DE AIRSOFT
Como Operadora de AIRSOFT, a missão só acrescentou mais aprendizagem.
 São dois mundo similares e complexos. Prestei atenção em cada detalhe. O engajamento e comunicação entre parceiros de equipe é fundamental para uma missão bem sucedida.
Pude entender que é muito mais que apertar um gatilho, é realmente saber o que temos de intensão antes de acertar o alvo.
O airsoft é mais que um esporte é uma paixão.

Quer ver como foi a OPERAÇÃO TODA EM VÍDEO? CLIQUE AQUI

Por: Deyse Mayer – A Guria do Airsoft.
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Nota: Este material postado é de responsabilidade inteiramente do seu criador acima citado!

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Colunista: Scheleski

Joelmir Scheleski, vulgo Xexéu. Fundador do Portal Airsoftrs.com Colunista, Droneiro, Fotógrafo, Podcaster, Videomaker, Pai do João e da Maria Valentina. Apaixonado por tudo que se tornar interessante!
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5 thoughts on “Relatos de Guerra: Operação Resgate!

  1. Massa o relato da imersão no personagem, uma coisa que deveria ser mais explorada em jogos.
    O jogo com interpretação/ representação de papéis sempre é divertido, desde a nossa infância.
    Que venha mais e mais jogos assim e principalmente, RELATOS!!!
    Parabéns aos envolvidos!!!

  2. Bah esses relatos são ótimos, parece que estamos vendo ou imaginado cenas de um filme, quem acompanha as situações gerais e particulares de cada game, participa do evento e depois lê os relatos de guerra fica com uma visão do todo que realmente nos coloca em uma imersão diferenciada. Parabéns ao integrantes do arisoftrs.com por nos proporcionar tal experiência.

  3. Parabéns por participar desta experiência única! Fico muito feliz em ler seu texto, carregue este conhecimento adquirido para a sua vida!

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